
Eugène Benoît Baudin
As pequenas torres alvas,
postadas sobre os telhados, feitas certa vez
para esperar navios de outrora.
Parecem lanternas,
Gaiolas partidas de onde a luz escapou.
Recipientes celestiais para lágrimas...
Sinto que essas figuras também estão vazias
Porque deixamos
de notar
as pequenas torres alvas,
destinadas às solitárias,
às eternamente à espera,
às mulheres dos capitães.
Estamos cercados por outros oceanos.
Os submarinos atômicos estendidos atravessados
no fundo de Groton.
Mas por certo eles também já se tornaram
figuras esvaziadas de um tempo exaurido...
Ainda assim, tudo permanece
para preencher-nos, brilhar em nós,
enquanto rechaçamos longas ondas,
mas e depois?
Sobrevivestes apenas vocês,
mulheres silentes, tristes e formosas,
mulheres
que aguardam baleeiras...
Aparições do antigo porto,
Afundaremos.
Vocês não são capazes de acreditar.
Querida,
abre as portas do sonho –
vou-me.
Retorno voluntário
à gaiola para as labaredas.
Desponta, no entanto, um cosmos estrelado.
Meu coração envia o seu sinal a você.
O farol marinho pulsa em dactílicos –
Duas luzes curtas e uma longa treva.
Liubomir Lévtchev (1935-2019)